Uma Trip no Norte

Já não vou ao Norte há mais de 10 anos, a ultima vez que lá fui estava acompanhada por 3 amigos excelentes, sempre consegui fazer amizades muito facilmente, e se bem que seja vista como de lida difícil isso não se aplica de todo com a amizade.

Com 17 anos e com muito pouco interesse em homens, brincava com todos e dizia que era lésbica, não me importava se acreditavam ou não.

Era pobre , mas mesmo pobre, só para terem uma ideia a minha escolaridade a partir do nono ano foi sempre paga por mim, as roupas, bem essas eram do mais relaxado que havia primeiro porque muitas eram usadas pelos meus irmãos mais velhos outras eram imitações rascas e baratas da praça e dos ciganos. Quando estava na altura de comprar roupa, era e continua a ser uma tortura desde o 1º momento que entro no centro comercial ou na loja em questão, depois ouvir os diálogos vazios, estar à seca na linha etc, etc, a verdade é que esses sítios sempre me deixaram desconfortável, a forma como as mulheres me mediam , a futilidade das mulheres entristecia-me e sempre fui olhada de lado por não vestir como a moda dita.

Felizmente percebi e atempadamente que quem interessa de facto não se importa com esses "pormenores".

Naquela noite eles "mokados" de marijiuana e eu bebada de superbock, na altura tinha vergonha de fumar, mas a cerveja deixava-me completamente desinibida, se bem que odiava e continuo a odiar cerveja era a melhor forma de sair da monotonia que é às vezes estar sóbria.

A realidade é muito pesada, às vezes pesada demais, depende da nossa sorte, para mim que não me considero fanática acho que realidade de mais também faz mal.

Numa rua de Braga quando os bares começaram a fechar fomos "chutados" do sitio onde estávamos por "fazer barulho demais" e durante aqueles metros entre um bar e outro conhecíamos outros jovens como nós.

Achamos logo que as pessoas do Norte eram do outro mundo, primeiro tinham caras estranhas segundo eram super simpáticas, mais tarde viemos a concluir que se tratavam de jovens como nós em visitas de estudo.

Até que vim um puto lindíssimo, moreno e de olhos azuis, ele também ficou ko por mim, eu estava rodeada com os meus amigos e ele com duas louras também amigas, e se bem que eu não estivesse agarrada a nenhum dos meus amigos, era claro que a cumplicidade era muita.

Ele , nem soube o nome dele estava com duas raparigas louras engraçadas. Olhou-me e automaticamente demos um beijo, um bom beijo foi o meu primeiro beijo, ele apalpou-me toda e senti a erecção dele no meu ventre. Implorou-me para o acompanhar para o hotel, eu disse-lhe que não estava a precisar de companhia, pois já tinha. E aí reparei que ele estava mais para lá do que para cá, pois chamou às amigas de louras burras, continuei a dizer que não, já me tinha dado o meu primeiro beijo, e que beijo, ainda hoje lembro.

É esta a memória que tenho do Norte, e o que tenho a dizer é que as pessoas do Norte sempre me trataram bem, eu sou Moura, e gozo com a diferença que eles acentuam tanto porque é parva, em qualquer lado existe pessoas estúpidas, a estupidez não é autóctone e é só infinita porque a maioria parece-nos esmagadora.