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Sou Portuguesa, e não me orgulho de o ser.

Sou Portuguesa, e não me orgulho de o ser.
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A primeira vez que fui a Lisboa, tinha eu pouco mais que 4 anos, diziam que tinha nascido lá, mas não a conhecia, sempre vivi numa vila pacata, cheia de saloiada basica, e calhandreira, muitos mesmo sem sequer com a 4ª classe, mas como em todos os sitios, havia a boa gente e a gentalha que não interessa para nada.

Lisboa, era diferente daquela vila, como é óbvio, tinha imensas distrações, publicidade, e produtos dos mais diferentes usos. Foi quando fui a Lisboa que fiz também a minha 1ª viagem de comboio, ainda me lembro claramente da sensação , não conhecia a religião, mas conhecia a palavra milagre, e disse por diversas vezes :

- Mãe...Parece um milagre.

Ela ou o meu Pai cada vez que me levava a LISBOA, contava sempre uma história diferente.
E quando não lhes apetecia, apenas e só lhes perguntava o nome de todas as estações :) SEMPRE, até perderem a paciência.

Tenho uns pais maravilhosos, se bem que me desapontem, assim como eu os desaponto um bocado.

Conheci em Lisboa:

A Viagem no Comboio; A viagem no eléctrico
A viagem no táxi ;As Castanhas; Alguns monumentos; As estradas largas; A típica Calçada Portuguesa; As lojas da baixa
As livrarias secretas; O Liceu Camões a Estefânea; "And so on"...

Fiquei surpreendida com a quantidade de pombos, com o vestuário das senhoras (mais sofisticado), com a quantidade de tascas e com as amizades dos homens de fato & engraxadores.

Conheci também, em Lisboa, uma criança que pedia esmola, eu não conhecia o dinheiro (isso ainda não mudou muito), nunca me interessou, mas sabia de uma coisa, para comprar um pão e 8 ferraduras era necessário uma nota de 100 $ 00 . :)

Desde que conheci a pequena Andreia que toda a minha perspectiva de Lisboa mudou, tornou-se mais agrestre e amarga... até assustadora.

Com 5 anos e dessa vez com o meu Avô acompanhei-o enquanto fazia uns serviços, era um óptimo vendedor, e voltei a rever a minha amiga Andreia, eu que era considerada pobre na minha escola, para ela era completamente diferente, olhava-me sem aquela inveja triste das pessoas frustradas, olhou para a minha mala a tiracolo com a magia da adoração, aquela mala azul com um pequeno bordado de uma rosa, cor de rosa.

Fiquei extremamente contente por vê-la, e não consegui conter a emoção.

Disse-me que tinha fome, por isso pedi ao meu Avô algum dinheiro.

Ele, por perceber que tinha-me afastado do sitio que era suposto estar, e atravessado uma estrada sem adultos, deu-me uma chapada, e disse:

- Não voltes a fazer isso !

Comecei a chorar em catarata claro, e ele percebeu que tinha exagerado, depois de baba e ranho salpicado com muita lágrima, falei-lhe da Andreia e ele, também emocionado abraçou-me.
E querido como só ele sabia ser recompensou-me com um pastel de Belém.





Fizemos o que podemos para alegrar o dia da pequena Andreia, o meu avô deu 500 escudos à mãe cigana que tinha um bébé quieto e silencioso enrrolado na manta, e disse:

- Estes 500 escudos só servem para comida ou transporte, nada de bebidas alcoólicas ou drogas.

A mulher agradeceu efusivamente.

Enquanto isso eu e a Andreia falávamos:

Eu- Fecha os olhos . Vá faz isso.

Ela- Tábem. :)

Eu- E agora empresta-me a malinha que te dei.

Ela- Ó porquê ? :(

Eu - É surpresa...

Coloquei um pastel de Belém embrulhado dentro da malinha, e de seguida a mala no seu tiracolo. Continuei...

Eu- Podes Abrir. :D

Foi um dia Feliz, demasiado feliz, demasiado inesquecível, mas como pode ser demasiado feliz ?

Foi Feliz demais porque eram raros os dias felizes, e foi aí, com quase 5 anos que desenvolvi a minha personalidade, não só de uma forma egoista, mas também, a pensar por todos, o bem comum parece impossivel porque a doutrina dos chamados comunistas não é bem entendida, especialmente por ser mal praticada.

Pois bem, eu acho que é uma doutrina muito bonita, mas muito pouco praticada, porque não vejo um comunista hasteando a bandeira da foice e do martelo a ajudar idosos ou mães solteiras.

E aqui em Portugal, as pessoas que vejo a ajudar com verdadeira vontade são chamadas muitas vezes de parvas, não são ajudadas, estão completamente sobrecarregadas.



Enfim ...

Sou Portuguesa, mas infelizmente, não me orgulho de o ser.

11 comentários:

Vício disse...

parvas porque graças a alguém não se pode confiar em toda a gente que pede (mesmo quando realmente precisa)

I.D.Pena disse...

Pois !

Rosa disse...

É pena que não tenhas orgulho no teu país, principalmente sendo ele um país com tantos motivos para nos orgulharmos.

I.D.Pena disse...

Tenho uma atitude muito pouco portuguesa, gosto de fado , do cozido à portuguesa, adoro as paisagens, mas não me orgulho de ser portuguesa, porque não me identifico, hoje em dia ser português é perceber de futebol, falar da crise com uma atitude desmoralizante, ver desastres, falar da vida dos outros e invejar, não me identifico.

É pena sim , mas sinceramente já estou farta de sentir pena, pena dos idosos, das crianças que têm pais de merda, enfim... Farta de pensar em coisas às quais me entristecem e me fazem sentir impotente.

Obrigada pela visita e comentário Rosa :)

"principalmente sendo ele um país com tantos motivos para nos orgulharmos."

Estou um bocado enjoada com o marketing do Ronaldo, tlv passe quando esta modazinha passar.

Anónimo disse...

Já somos dois.
Nunca me identifiquei muito com a alma lusitana, aliás nem sei bem o que é isso. E depois de vários anos a trabalhar no estrangeiro cada vez me identifico menos com Portugal, ou mais correctamente: com os portugueses. Adoro o meu país, adoro o meu Alentejo (é único!), adoro a gastronomia, mas não consigo gostar da maneira de ser, da maioria, dos portugueses. Somos um povo triste, especialistas em profecias da desgraça e pessimismo, amigos da "cunha", do "bota-abaixo" e da "chico-espertice", e onde as pessoas dedicadas, trabalhadoras e solidárias são chamadas, como bem dizes, de parvas e não se lhes reconhece o mérito.
É claro que também temos qualidades, nem tudo são defeitos, e há excepções que só confirmam a regra, mas fazendo o somatório de ambos o resultado está à vista.

Rafeiro Perfumado disse...

Não podes julgar um povo por alguns maus elementos. Eu sou português e com muito orgulho, mas envergonho-me de certos conterrâneos...

Beijocas!

I.D.Pena disse...

AP, já sabia que não sou a única :)
E também adoro o Alentejo, espero passar lá a minha velhice. Ou pelo menos tenho esperança.

"É claro que também temos qualidades, nem tudo são defeitos, e há excepções que só confirmam a regra, mas fazendo o somatório de ambos o resultado está à vista."

Sim, às vezes penso que se calhar este país não tem lugar para as excepções.

I.D.Pena disse...

Eu posso julgar, posso sim senhor! Especialmente porque estou sempre todos os dias em contacto com o povo, fartam-se de reclamar e de julgar as iniciativas novas, mas propor melhores ou outras iniciativas, está quieto !

Julgo sim :) Estou farta de ser julgada, tenho esse direito, para além do mais , maior parte das pessoas é católica e eu nem sequer baptizada sou, ora como não tenho a Biblia para me dizer o que fazer: NÃO JULGARÁS O PRÓXIMO, e estou farta de ser julgada por essa malta, tenho todas as razões e mais algumas para pelo menos dar a minha resposta, que pode muito bem ser em forma de julgamento.

I.D.Pena disse...

Sou Portuguesa e não me orgulho de o ser.

Ciclone disse...

Ya infelizmente vivemos num País onde ha muita injustiça,corrupção, negligencia e principalmente impunidade.Quanto mais sentimos na pele mais nos apercebemos dele, ainda bem que se sente na pele pq é algo que nos desperta e faz ver o que de facto se passa a nossa volta em vez de vivermos no faz de conta.Embora haja disso tudo gosto de ter nascido nesta aldeia porque temos um grande País , apenas necessitamos de mudar mentalidades e correr com alguns oportunistas e amigos do "favorzinho".Boa continuação do blog , nunca é demais denunciar a realidade.

I.D.Pena disse...

Ciclone,

Sentir na pele, sempre senti.
Falar sempre o disse.

"injustiça,corrupção, negligencia"

Isso quase todos os países têm .

Mas quanto à IMPUNIDADE , Portugal está no topo, aqui em Portugal compensa ser criminoso, como a maior parte dos Portugueses, ou é egocentrico ou simplesmente vive a vida a dormir, isto arrasta-se.

E os mais fracos são arrastados.

Não me admira nada que o crime aumente, os politicos dão um mau exemplo :)

EU NÃO VOTEI no Sócrates e já em diversas situações as medidas impostas pelo seu governo, me afectaram negativamente. Por ex: o Simplex que para mim = a MERDEX Enfim ...

Qualquer dia temos guerra civil :)

Não acho bem, nem acho mal, acho que a culpa é de quem votou :) .

Obrigada pela visita Ciclone.