Desabafo de fim de semana porque até sou humana

Escrevi páginas e mais páginas com coisas que ao ler só me apetece queimar, são as minhas opiniões, aquelas que foram expressamente pedidas por escrito, elas são lidas porque não foram ouvidas.

Espalho as folhas pela cama e deito-me nelas, quero pensar que não são importantes, apetece-me rasgar, mas não posso, foram encomendadas em 2 dimensões, com margens e escalas, e com umas putas de umas limitações que não lembra a ninguém,são perspectivas ou ilustrações de uma mera opinião.

Os dias passam e eu passo-me com eles, está quase a chegar o dia, já sem o recurso do alcool, nem outra muleta qualquer, rastejo e penso nos cigarros que já não posso fumar.

Mergulho nas minhas páginas decadentes, em que me vendi, finalmente. Mas não foi esse o meu intento, sempre odiei os finalmentes.

Não quero ter as coisas bonitas do Ikea na minha casa, já tive, ainda tenho, elas ficam para ali a desafiar-me, fartei-me delas são objectos, lembranças de futeis trajectos, elas , as coisas chateiam-me e dão-me trabalho, ficam para ali imóveis, paradas em silêncio, enojam-me pela simples e secreta razão que se morrer aqui agora, elas permanecem como estão.

Já passei por essa fase, já fui uma Ikea-girl, em que falta sempre aquela coisa, e por isso a minha raiva por aqueles estudos e páginas imprimidas, algumas já lidas, não por mim certamente, por mim são revividas, são os meus fantasmas que estão ali à mão de semear, quero estrangula-las, picotá-las estraçalhá-las,esmifrá-las...

Parece que não acabam estas páginas enquanto estiverem soltas, e o quase enlouquece-me , quase feito, quase dito, quase perfeito, falta o quase, quase desisto, mas quase que fodem o juízo com a insistência, quase que lhes mostro o dedo, e um belo de um manguito.